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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Vídeo das PPPs

Este vídeo é um desenho das Parcerias Público Privado - PPPs, algo muito atual, apesar de serem poucas as discussões na sociedade... Discussões sobre as PPPs fazem parte do cenário Político Goiano. Transformações impostas a sociedade sem consulta previa e mais sem transparência.
E nos cientistas sociais! será que podemos opinar sobre o assunto? o que podemos fazer? ou ainda o que devemos fazer? Enquanto intelectual ( no sentido proposto em Gramsci) qual seria o nosso papel para com a nossa sociedade?


http://youtu.be/DRJabe-QrsM

Cíntia Dias

Video PPPs

Este vídeo é um desenho das Parcerias Público Privado - PPPs, algo muito atual, apesar de serem poucas as discussões na sociedade... Discussões sobre as PPPs fazem parte do cenário Político Goiano. Transformações impostas a sociedade sem consulta previa e mais sem transparência.
E nos cientistas sociais! será que podemos opinar sobre o assunto? o que podemos fazer? ou ainda o que devemos fazer? Enquanto intelectual ( no sentido proposto em Gramsci) qual seria o nosso papel para com a nossa sociedade?


http://www.esquerda.net/dossier/bê-á-bá-das-parcerias-público-privadas

terça-feira, 19 de abril de 2011

Noções de Pierre Bourdieu e Gramsci

Noções de Pierre Bourdieu sobre:

Violência simbólica = imposição arbitrária que, no entanto, é apresentada àquele que sofre a violência de modo dissimulado, que oculta as relações de força que estão na base de seu poder.
Ação pedagógica = é uma violência simbólica porque impõe, por um poder arbitrário, um determinado arbitrário cultural.
Arbitrário cultural = concepção cultural dos grupos e classes dominantes, que é imposta a toda a sociedade por meio do sistema de ensino. Tal imposição não aparece jamais em sua verdade inteira e a pedagogia nunca se realiza enquanto pedagogia, pois se limita à INCULCAÇÃO de valores e normas.

A ação pedagógica implica num trabalho pedagógico, sendo como um trabalho de INCULCAÇÃO de um arbitrário de princípios culturais que são impostos por um sistema de ensino de modo que, mesmo depois de terminada sua fase de formação escolar, ele os tenha incorporado aos seus próprios valores e seja capaz de reproduzi-los na vida e transmiti-los aos outros – Bourdieu afirma isto é adquirido num HABITUS. Uma vez que o arbitrário cultural é inculcado ao habitus do professor, o trabalho pedagógico reproduz as mesmas condições sociais de dominação de determinados grupos sobre outros que deram origem àqueles valores dominantes. O que explica, no pensamento de Bourdieu, a desigualdade que está na base do processo de seleção escolar?
Um sistema de ensino institucionalizado que visa realizar de modo organizado e sistemático a inculcação de valores dominantes reproduzindo as condições de dominação social que estão por trás de sua ação pedagógica. Bourdieu apresenta exemplo das condições de classe de origem dos alunos que entram no sistema de ensino francês determinam tanto a probabilidade de passagem ao nível escolar seguinte, quanto, ainda, o tipo de estabelecimento de ensino ao qual ele tem acesso, esta situação se reproduz, do ensino básico ao médio e ao superior e determina também, no final das contas, a “condição de classe de chagada”, deste aluno, isto é, o tipo de habitus que adquiriu, o “capital social” ao qual teve acesso e, em especial, a posição na hierarquia econômica e social a que chegou. (P.74).

Já em Gramsci para neutralizar as diferenças, devidos à procedência social, deviam ser criados serviços pré-escolares. A escola deveria ser única, estabelecendo-se uma primeira fase com o objetivo de formar uma cultura geral que harmonizasse o trabalho intelectual e o manual. Na fase seguinte, prevaleceria a participação do adolescente, fomentando-se a criatividade, a autodisciplina e a autonomia. Depois viria a fase da especialização. Nesse processo tornava-se fundamental o papel do professor que devia preparar-se para ser dirigente e intelectual. O desenvolvimento do Estado comunista se ligava intimamente ao da escola comunista: a jovem geração se educaria na prática da disciplina social, para que a realidade comunista se tornasse um fato. O advento da escola unitária significa o início de novas relações entre trabalho intelectual e trabalho industrial na apenas na escola, mas em toda a vida social. O princípio unitário, por isso, refletir-se-á em todos os organismos de cultura, transformando-se e emprestando-lhes um novo conteúdo. Gramsci define duas categorias de intelectuais: o orgânico, proveniente da classe social que o gerou, tornando-se seu especialista, organizador e homogeneizador e o tradicional que acredita estar desvinculado das classes sociais, os que nascem numa determinada classe e cristalizam-se, tornando-se casta, como exemplo são mais típico Gramsci cita os clérigos (cf 1989, p. 23), hoje podemos dizer que são os militares, professores universitários e etc... Os intelectuais têm a função de unificar os conceitos para criação de uma nova cultura, que não se reduz apenas a formação de uma vontade coletiva, capaz de adquirir o poder do Estado, mas também a difusão de uma nova concepção de mundo e de comportamento. Nessa empreitada, torna-se fundamental o papel das instituições privadas da sociedade civil como a igreja, escola, sindicatos, jornais, família e outros, como entidades concretizadoras de uma nova vontade e moral social. Gramsci diferencia o intelectual urbano do rural. Enquanto os intelectuais urbanos ascendem socialmente, confundindo-se com suas classes, os rurais, na maioria tradicionais, estão ligados à massa social campesina e pequeno-burguesa, posta em movimento pelo sistema capitalista. Estes ainda exercem uma forte influência nas camadas operárias, na medida em que se apresentam como modelo de ascensão social, também cumprem um papel político-social, ao mediar a relação entre massa e o espaço político local. Os intelectuais urbanos como técnicos de fábricas não exercem influência política na massa, ao contrário, sofrem influência destas pelos seus intelectuais orgânicos.

VANIA LOPES DA SILVA BORGES

domingo, 17 de abril de 2011

População carcerária no Brasil

Michelle é isso mesmo! Tudo que você relatou aqui é a mais cruel realidade. O sistema carcerário brasileiro não cumpre seu papel primeiro, que é o de reeducar, mas apenas humilha e corrompe cada vez mais. Condenar uma pessoa ao cárcere é condená-lo a uma estrutura degradante, com pouquíssimas chances que voltar a integrar a “sociedade”.
Se a situação se configura dessa maneira, imagine quando se trata de presos jovens. Torna-se mais complexo ainda porque os jovens que estão ali são em sua maioria pobres que vieram de famílias desestruturas. E ainda mais, esses jovens encarcerados, devido à baixa escolaridade, não dispõem de informações suficientes para saber dos seus direitos. Muitos desses jovens já deviam estar em liberdade, mas continuam presos por falta de informação e de um atendimento jurídico eficiente. Para minimizar essas questões o Conselho da Juventude do Estado de Goiás pretende implementar uma política de assistência gratuita à população jovem carcerária no Estado de Goiás. O intuito é prestar assessoria jurídica aqueles que não têm condição de pagar um advogado e assim agilizar os processos resguardando seus direitos.
Outra questão que envolve esse debate sobre a população carcerária no Brasil é a polêmica sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. São muitos os questionamentos, um deles é sua inconstitucionalidade, isto é, na Constituição Federal em vigor, Art.228 – dispõe que os jovens menores de 18 anos são plenamente inimputáveis - e que essa é considerada uma cláusula pétrea, portanto só poderia ser alterada através de uma nova constituinte.
Além disso, a ideia de que o jovem infrator não é punido ou que a juventude está mais violenta e alguns casos de crimes bárbaros cometidos por jovens levam cada vez mais a opinião pública a apoiar a redução da maioridade penal. Mas não levam em conta o que realmente está por trás da crescente violência no país que a exclusão e a desigualdade social. Reduzir a idade penal significa jogar cada vez mais cedo jovens e crianças no mundo do crime. A solução não é simplesmente punir, mas principalmente educar.

Sandra Regina Alves

sábado, 16 de abril de 2011

As instituicões carcerárias são capazes de promover a reinsercão bem sucedida dos ex-detentos na sociedade?

À postagem da Michelle,
   O que a colega trouxe me lembrou a atual obra que estamos trabalhando em sala de aula, Vigiar e Punir, Michel Foucault, na qual um dos princípios lancados pelo autor, que em tese constituiria a base da boa condicão penitenciária, é justamente a educacão penitenciária.
   A educacão carcerária quando foco de rebeliões, montins, protestos, etc. chama a atencão da sociedade civil  e do poder público. Mas fora essas ocasiões, a instituicão torna-se foco de uma "dupla exclusão", ora por "abrigar" indivíduoas játidos como excluídos, ora pelo esquecimento diante da sociedade e do próprio poder público.
   Entendia-se que a finalidade da prisão seria o combate a criminalidade, o que se daria não somente por punicão, mas também pela busca da reisercão do indivíduo encarcerado, o que estaria intimamente relacionado à educacão, idealmente proporcionada pelo poder público afim de promover uma instrucão geral e profissional ao indivíduo encarcerado. 
   O grande problema disso está na ainda existente contradicão entre o que se considera mais importante: punir ou reintegrar?
   Segundo o poder público, a boa condicão penitenciária se pauta, como Foucault intitula sua obra, no "vigiar e punir", a ordem/ disciplina por meio do cumprimento de normas/ regras.
   É justamente nesse sentido que nos deparamos com possibilidades e limites de uma educacão penitenciária, a qual se depara em dois caminhos: reforcar/ reproduzir uma instituicào de dominacão ou desenvolver potencialidades humanas, cumprindo a proposta educacional de levar em conta a "vocacão ontológica" do homem e o contexto em que está inserido.
   O que se deve entender é que o sujeito já se encontra na prisão como forma de punicão e não para punicão, não se fazendo necessário, portanto, que se prive tal indivíduo do que lhe é de direito: à educacão.
   A prisão deve sim transformar o comportamento do indivíduo, não simplesmente pelo seu caráter punitivo, mas pelo conjunto das áreas do conhecimento (psicologia, assistencia social, sociologia, engenharia, etc.) e principalmente pela educacão.
   Sem a educacão as instituicões carcerárias não são capazes de promover a reinsercão bem sucedida dos ex-detentos no convívio social, pois ficará ainda neste sujeitos os resquícios da "dupla exclusão".

Kárita Segato

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Educação e Educadores em um Contexto de Mudança.

Educação e Educadores em um Contexto de Mudança.


Discutir a influência do legado gramsciano, no âmbito do pensamento acadêmico educacional brasileiro, está delimitada nos últimos quinze anos, entre 1979 e 1994. Os últimos anos da década de setenta representam o marco inicial da interlocução da pesquisa educacional no Brasil com as idéias gramscianas onde, nosso querido Dermival Saviani (em pedagogia histórico-critica), contribuiu e organizou estudos desembocando as idéias Gramscinianas e cabendo à década de oitenta a consolidação desse esforço e nos anos noventa indicam uma tendência de descenso dessa interlocução.
Por tanto, discutir o processo de apropriação do pensamento gramsciano possibilita a meu ver, introduzir alguns pontos para a reflexão sobre as várias leituras do seu legado teórico e, em particular o nosso também que não são muitos mais geram divertidas discussões, sobre os problemas que cercam a questão do historicismo na sua obra e sobre é claro a EDUCAÇÃO e EDUCADORES. Além da oportunidade de discutir Gramsci, é claro! Essa polêmica nos permite trazer à tona uma série de questões pertinentes ao debate mais amplo da produção científica, dos acontacimentos que estão latentes na área educacional no Brasil e também discutir as condições atuais da educação e de vivência. Abrindo um parênteses para discutir Bourdieu e criticar alguns métodos que alguns professores estão se apropriando e gerando um caos ao meu ver educacional e situacional.
Uma das teses principais ou centrais na Sociologia da Educação em Bourdieu é a de que os "alunos não são indivíduos abstratos que competem em condições relativamente igualitárias na escola, mais são indivíduos socialmente constituídos que trazem uma bagagem social, cultural e econômico diferenciada". Foi o que me fez pensar em uma problemática na qual estamos lidando com a educação não formal, devido ao estar em uma instituição museal (MA-UFG), acho que de certa forma como pude notar em uma grande parte de professores inclusive nas áreas de humanas e que envolvem alguns professores de pedagogia, vejo que o proprio contexto de "humanização" simplesmente desapareceu do ser EDUCADOR me pergunto por onde ele anda? E o que faz um Educador agredir um aluno quando se está praticando uma educação cidadã? Se teoricamente eles são como cita Paulo Freire onde concorda com Cachin Marcel "O próprio homem, sua "posição fundamental", é a de um ser em situação - "situado e fechado". "Um ser articulado no tempo e no espaço, que sua consciência intencionada capta e transcende. E que "Á possibilidade de admirar o mundo implica em estar não apenas nele, mas com ele; consiste em estar aberto ao mundo, captá-lo e compreendê-lo; é atuar de acordo com suas finalidades a fim de transformá-lo. Não é simplesmente responder a estímulos, porém algo mais: é responder a desafios. As respostas do homem aos desafios do mundo, através das quais vai modificando esse mundo, impregnando-o com o seu "espírito", mais do que um puro fazer, são atos que contêm inseparavelmente ação e reflexão".
Então não concordo plenamente com as explicações pré deterministas das vias de comunicação de massa, quando se elabora reflecção sobre a Reprodução da Violência no ambito escolar como se issofosse algo pré-determinado sem possibilidades de MUDANÇA. Acredito que a educação ela sendo Formal ou não formal pode provocar mudanças no corpo (institucional) e no "ser", indo ao encontro dos conflitos e das dificuldades. A reprodução da violência seja ela simbólica ou fisica ela se coloca em um estado e não em uma condição pré-determinada como se fosse uma anomalia genética que se arraiga no DNA e que se é herdado e passado para frente. Nesse sentido, quanto mais "conhecer, criticamente, as condições concretas, objetivas, de seu aqui e de seu agora, e de sua realidade, poderá realizar a busca, mediante a transformação da realidade".
A reprodução da violência em geral e nas escolas no qual se coloca o foco dessa discussão, estão arraigados a um problema maior na qual eu acredito que seja a banalização do proprio conceito de violência, de poder , de indivíduo e da moral.
Precisamente porque o Professor e a instituição que acolhem essa demanda da classe trabalhadora se coloca em uma posição fundamental que é a de "estar em situação", e ao debruçar-se reflexivamente sobre a "situacionalidade", conhecendo-a criticamente, insere-se nela para levantar questões e desenvolver estratégias . Essa refexão simploria foi somente colocar as angustias de meu ser "humanista" de "ser" do que pura e simplesmente uma inquietação repentina do "SER EDUCADOR"!



Roberta Rodrigues de Sousa Goes

Punir para Educar "bem"

Foucault nos diz que a punição deve repousar sobre uma tecnologia da representação e neste sentido importa mais aos outros do que ao próprio condenado, assim punir alguém nesta perspectiva implica em fazer com que o fato circule rápida e largamente entre todos os outros “possíveis culpados” servindo de exemplo. Ele nomeia este processo de “Economia de Publicidade”, pois ao invés de suplício corporal passa a ser o terror o suporte do exemplo.
Nas fábricas, nas prisões e também na escola é fácil perceber a aplicação deste conceito. Dentro destas instituições desde muito cedo os indivíduos que não se comportam como o desejado são punidos para se corrigirem, mas também para servirem de exemplo aos demais. Isto acontece quando não se “comportam bem” no uso que fazem de seus corpos e quando não dão retorno satisfatório ao conteúdo (saber) imposto por estas instituições.
Observamos, portanto como os indivíduos são disciplinados, ou melhor dizendo, educados para que cumpram a vontade daqueles que detêm o poder. Na sala de aula, na fabrica e na sociedade é através do processo disciplinador dos indivíduos que ocorre a assimilação do saber, por isso Foucault nos diz que: “por trás de todo saber, de todo conhecimento, o que está em jogo é uma luta de poder”.
Débora da Costa Barros

A Individualização dos problemas sociais

O que atualmente aparece na mídia? Sempre a mesma tragédia gerada pelo sistema! A ação demonstrada pela mídia atua como agente de inquietância, estimula a discussão dos indivíduos e promove o debate, atingindo quase todas as classes. Outro importante fato, está atribuído a capacidade demonstrada pela mídia, em sistematizar problemas sociais como um mero problema particular. A tragédia ocorrido na Escola Tasso da Silveira, um fato incomum para a sociedade brasileira. Infelizmente essa mesma sociedade não sabe reconhecer, que ela é a maternidade desses problemas todos. Espantamos, porém sempre nos achamos distantes dessas questões, que não ocorrerão no nosso meio.
O jovem Wellinton Menezes, no qual é bem capaz de poucos saberem o nome, já que ele sempre é referido como o "atirador da escola do Rio de Janeiro" ou qualquer coisa próxima disso, era refém de um tipo de violência, gerado pela própria sociedade, o bullying. Na mídia se encontra todos os tipos de explicação biologizante a respeito do ocorrido. Problemas psicológicos e mentais, estão atribuídos ao jovem, mesmo que isso seja verdadeiro, a estimulação desses traumas, doenças, etc. se dá na sociedade, porém é muito mais fácil individualizar o problema, outorgando ao jovem rapaz, esquecemos o que este jovem passou, a partir do momento que sabemos dos seus atos naquela escola. A sociedade o rebaixava, humilhava, violentava... mais no final das contas a culpa é dele? No final isso é muito fácil para o sistema, as pessoas esquecerão e voltarão a produzir normalmente.
Infelizmente esse é o mundo do individualismo, enquanto não nos atingimos, vivemos sem problemas, porém quando chega à nossa responsabilidade, nos desorientamos e queremos achar o único culpado. Não estou em defesa desse rapaz e sim contra o controle hegemônico dos meios de comunicação populares e do individualismo presente na nossa sociedade.


João Augusto S. Ferreira

Sobre escolas, metodologias, dar aulas e bullying


Segue um texto que quero compartilhar: Quem o machismo matou hoje? Feminicídio: o nome do crime


Sabe o que tem na escola? Um jeito sentar, a disciplina é importante diria Gramsci, um jeito de aprender a ler; leia em silêncio, me disseram minhas professoras do ensino fundamental. Um jeito de pensar : a ciência é o conhecimento iluminador. Um jeito de viver; a modernidade é o futuro de todas as sociedades; me disseram meus livros de história.

Só não me lembro de ter discutido em sala os problemas que tínhamos entre nós. As brigas e os comportamentos incorretos eram punidos com suspensão em silêncios velados, todas as pessoas da escoa sabiam do ocorrido, até inventavam um pouco mais, mas nunca existiu algo em torno de “vamos discutir esses problemas que acontecem entre vocês”.

Nunca assisti uma punição que interferisse nas agressões em público, ali no exato momento em que aconteceram. A sala da coordenação era o único lugar para conversas. As agressões simbólicas entre alunas e alunos eram constantes, as piadas são um exemplo, e nos meus 11 anos de escola nunca ninguém problematizou com as pessoas envolvidas as ações delas; ao máximo deveríamos não fazer, mesmo não sabendo as razões para não fazer. Nunca passei por discussões sobre sexualidade, raça, etnia, desigualdade econômica, embora ouvisse o tempo todo questões sobre: viadinhos, mulheres-macho, piranhas, putas, neguinhas, pretos, e pobres.

Longe de querer fazer uma auto biografia quando falo das minhas experiências em escolas públicas me uso como estudo de caso, para pensar sobre educação escolar. E dessa vez quero problematizar currículos; existem disciplinas específicas para realizar questionamentos sobre raça, classe, gênero, piadinhas? A inserção das ciências sociais vai fazer isso, na materialização da sociologia no ensino médio? Estamos preparadas/os?

Mesmo se a princípio eu acreditasse no poder das ciências sociais, uma aula por semana durante dois anos vai mudar 9 anos em que nenhuma discussão sobre esses temas era realizada? Vai mudar as atitudes de docentes que não dão aulas de ciências sociais? Vai mudar as nossas atitudes? Para encerrar um texto longo demais, com reflexões para vida toda, eu queria dizer sobre; bullying, fanatismo religioso, esquizofrenia, 10 meninas e 2 meninos mortos no Rio de Janeiro, e sobre o atirador que se matou, que as aulas são ministradas para pessoas, para meninas e meninos com um raça, uma etnia, uma situação econômica. Queria dizer que esses fatores são essenciais em qualquer momento e em qualquer lugar em uma escola.

E sobre nosso preparo para lidar, mais que com os conteúdos sociológicos, com as pessoas que estarão na nossa frente; Eu quero também apresentar a vocês um conceito: FEMINICÍDIO, violência e agressão contra mulheres, exatamente por isso, são mulheres. Quero apresentar esse conceito para que tentemos fazer uma separação consciente entre alunas e alunos, para não acharmos que a humanidade se reduz em “o homem”, para nos atentarmos para as diferentes formas de violênica contra meninas e meninos.

Bem lembrado Danilo, bullying não é um problema de um só não, é um problema de muitos, nas causas e nos efeitos. Por mais que tenhamos heróis a nos salvar, melhor seria se eles não tivessem que existir.

Elismênnia

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Educação Prisional : um ramo das ciências ocultas (parte 1)

Pessoas, inicio com alguns dados/estatísticas (provocações?), para que, num outro momento, recupere as forças e continue com esse desatino...

A situação calamitosa do "nosso" sistema prisional não é novidade para ninguém: cadeias superlotadas, em situação precária, sem as condições mínimas de sobrevivência. A maioria dos detentos não tem acesso a serviços básicos de saúde, uma boa alimentação e quem dirá acesso à educação. Vivem num estado de abandono total; a vida no cárcere os priva de coisas mínimas capazes de promover o sentimento de dignidade (contos da Carochinha).
Segundo Teixeira (2007), o sistema prisional recebe cerca de 8 mil pessoas a cada mês, sendo necessária a abertura de mais de 130 mil vagas para dar conta de todo esse contingente. Por mais que sejam criadas novas vagas, a população carcerária cresce incontrolavelmente. As penas alternativas poderiam ser uma possibilidade de diminuir a situação de superlotação. Estima-se que cerca de 30% da população cativa poderia estar cumprindo penas alternativas (TEIXEIRA,2007). Enquanto em outros conglomerados (europa) a aplicação das penas alternativas é realizada em quase 70% dos casos, no Brasil esse quadro não atinge os 10%. Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (2007), órgão vinculado ao Ministério de Justiça , a maioria da população cativa brasileira não cometeu crimes violentos, “não” oferecendo, portanto, risco à população (críticas?). Os crimes hediondos representam a minoria dos casos, cerca de 8,9% (TEIXEIRA,2007). Os crimes de maior ocorrência estão associados a pequenos furtos, roubos, venda de droga, entre outros.
O perfil dos detentos é um dado interessante a ser observado. Grande parcela da população carcerária vive às margens de uma vida econômica ativa. São pessoas que não partilham dos tais “direitos humanos”, dos direitos de moradia, saneamento básico, educação, saúde, lazer... antes da vida reclusa da prisão (sem generalizações), já viviam excluídos, marginalizados pela sociedade. A maioria dos cativos são homens, jovens, “pobres”, não-brancos e de baixa escolaridade (formal). Segundo Julião (2007), cerca de 70% da população carcerária não chegou a completar o Ensino Fundamental. Grande parte dos detentos estão na faixa entre os 18-30 anos, o que evidência uma população penitenciária bastante jovem, e que, de acordo com o que espera a sociedade, deveriam estar inseridas no grupo de pessoas economicamente ativas do país.
A falta de políticas voltadas para a população carcerária só agrava o quadro de decadência do sistema prisional. O percentual de reincidência criminal está em torno dos 50 a 80% (TEIXEIRA, 2007). Esse dado nos remete à reflexão sobre as medidas tomadas para ressocialização dos detentos; afinal, o que se tem feito para integrar os indivíduos à sociedade? Que chance esses sujeitos têm de exercer seus direitos enquanto cidadãos, após passarem por um período de reclusão no qual não lhes eram garantidas condições mínimas de vida, de dignidade (o que é dignidade afinal?)? O que o Estado tem feito para melhoria de vida dessas pessoas, que possibilitasse ao menos sua ressocialização? E nós, enquanto cidadãos, o que temos feito? De acordo com Teixeira, quem se “ressocializa”, o faz sozinho, porque são poucas as propostas do Estado nesse sentido. A sociedade civil também não parece marcar presença nas discussões acerca das condições daqueles que estão, literalmente, do outro lado do muro. Infelizmente ainda prevalece entre nós, a visão negativa e preconceituosa dos que fazem/fizeram parte do crime, sendo “comum” pensarmos que “ eles estão lá porque fizeram por merecer”, “ eles não têm direito aos direitos”, como se o sistema penitenciário fosse isolado da sociedade, sem nenhum tipo de conexão, perdido em um mundo a parte...


Referência

TEIXEIRA,Carlos José Pinheiro. O papel da educação como programa de reinserção social para jovens e adultos privados de liberdade: perspectivas e avanços. Boletim Salto para o Futuro : Eja e Educação prisional, n 6. Secretaria de Educação a Distância, Ministério da Educação, 2007.

Abstrações de Michelle N. de Resende :):

quarta-feira, 13 de abril de 2011

REPRODUÇÃO DA VIOLÊNCIA

Durante as aulas de Bourdieu, e na leitura de "A Reprodução", achei interessante como este autor coloca o quanto somos dependentes do outro para a nosssa própria formação como ser social. Para a formação do nosso self o autor coloca que esta se dá através da participação e limitação do outro em nós.
Então fiquei me perguntando: Já que na escola ocorre a "reprodução" do nosso sistema social, não é de se estranhar que o nível de individualismo neste ambiente seja altíssimo, e isto com certeza tem cooperado e muito, além é claro de outros fatores, para o aumento da violência escolar. ANSER em uma de suas pesquisas sobre violência escolar, afirma: “A agressividade, que faz parte da natureza afetiva do ser humano, quando reprimida, pode se manifestar como violência. A dificuldade em se perceber a diferença entre ações agressivas e violentas pode promover a repressão... criando-se um ciclo do qual participam professores e alunos.” (2003) Este ciclo já virou rotina em nossas escolas, onde  a troca de pápeis entre os atores escolares é comum, ora sendo vítimas, ora protagonistas da violência escolar.
Um fato é certo, a violência escolar ganhou status de problema social, portanto ela não atinge só os agentes do sistema educacional, mas toda a sociedade. Até quando a sociedade continuará passiva diante da "reprodução" de tanta violência?

SANDRA RANCAN

terça-feira, 12 de abril de 2011

Uma proposta didática para a Pedagogia Histórico-Crítica

Estive fascinada, nas últimas semanas, lendo sobre a Pedagogia Histórico Crítica de Demerval Saviani. E, fuçando na internet, descobri que não só a pedagogia Histórico-Crítica em si já é uma aula e tanto, como também um professor amigo de Saviani nos fez o favor de propor uma Didática adequada aos princípios desta pedagogia. Lendo mais sobre o assunto, descobri que esta didática se enquadra perfeitamente nas propostas metodológicas para o ensino da nossa querida disciplina.
No livro "Uma didática para a Pedagogia Histórico-Crítica", João Luiz Gasparin nos traz a possibilidade de uma metodologia de ensino que passe pelas etapas dialéticas da prática-teoria-prática. Ele esclarece que este processo se dá no seguinte movimento: parte do conhecimento da realidade empírica da educação e, através do estudo da teoria, da abstração, possibilita chegar à realidade concreta da educação, realidade plenamente compreendida.
Um dos principais papéis da Sociologia no Ensino Médio é promover a desnaturalização, o estranhamento e a tomada de consciência dos fenômenos sociais, na intenção de superar o senso comum que está enraizado no ambiente educacional. Analisando, portanto, a didática da Pedagogia Histórico-Crítica, descobrimos que uma das suas principais funções é privilegiar a contradição, a dúvida, o questionamento, despojando os conteúdos de sua forma naturalizada, pronta e imutável, tendo como ponto de partida a realidade social mais ampla.
Ao professor de Sociologia são concedidas duas escolhas metodológicas: apresentar aos alunos as teorias e o conhecimento necessário para poderem desenvolver o conhecimento sobre a sociedade em que vivem; ou apresentar a sociedade em que estes alunos vivem para posteriormente elaborar o conhecimento que precisam desenvolver visando compreender a lógica do seu funcionamento e os fatores determinantes dos processos sociais, podendo assim enxergar a si mesmos como sujeitos transformadores desta sociedade. E a didática da Pedagogia "Dialética" (como ele também a nomeia) sugere exatamente a segunda metodologia.
Esta didática contribui, portanto, para que a Sociologia se consolide como uma disciplina respeitada no meio educacional e para que tanto alunos quanto professores, e também a comunidade em geral, a reconheçam como necessária para que o processo de ensino-aprendizagem saia da simples transmissão de conteúdos para a formação de sujeitos críticos, preparados para a realidade da sociedade e capazes de compreender o todo maior que orienta não só a educação, mas todas as formas de organização social.
Como disse a professora Lucinéia, realmente é uma baita leitura complementar para transportar a Pedagogia Histórico-Crítica para a realidade sala de aula. 

Larissa Messias Moraes

Noticias sobre a nova gestão da Secretária de educação de Goiás

Oi pessoal, li uma reportagem que saiu  no jornal Diario da Manhã da semana passada, na qual retrata a nova gestão da Secretária da educação de Goiás. Segundo essa nova gestão tem o objetivo de visitar cada escola para conhecer problemas espcificos da escola assim terá um melhor diagnostico dos problemas especificos de cada escola para que estas tenham condições ideiais de funcionamento, porque nela vão realizar uma das mais importantes experiências educacionais do País. Só espero que cumpram realmente o que estão propondo e não fiquem somente no exibicionismo de que irá fazer mais projetos para educação do que a gestão passada, que aliás pouco fez para a educação.
Flávia Kamilla

Um passo adiante na inclusão escolar

Muitas pessoas acreditam que no Brasil existe somente uma língua, no entanto nossa nação é bilíngue desde de 2002 que a lei 10.436 entrou em vigor, reconhecendo a libras como língua nativa( não estrangeira). O progresso desta conquista veio ocorrendo de forma lenta, mas após nove anos do reconhecimento da língua formaram-se as primeiras turmas, na UFSC, sendo que existe outros nove polos que ministram o curso na graduação.


Thaís Santos

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Mídia: Um pretenso aliado que está em mãos erradas.

Também, uma tentativa de continuidade aos posts anteriores.

     De fato há um problema social intrínseco nesse episódio ocorrido na escola Tasso da Silveira no RJ. Alias, não só nesse, mas em demasiados outros noticiários de massa. Sabemos ainda, o problema não está na notícia divulgada, e sim na sua distorção. No incrível poder de manipulação desses meios midiáticos em nossas vidas. Sem contar no enorme poder que os meios de comunicação vêm acumulando, que atualmente essa mesma mídia acaba sendo o quarto poder do Estado, e mais do que isso, nesse poder a ascendência de um sistema básico de dominação ou de afunilamento do que seja “importante” para todos é antemão encoberto. Fico impressionado com essa sistematização da informação em nossas vidas. E, além disso, da singela teoria do caos que isso desemboca.
     Fiquei analisando, Montesquieu poderia ser nosso contemporâneo para incluir em sua fantástica obra “Espíritos das Leis” esse poder que se dá de maneira calculista, nos moldes do homem racionalizado “moderno”. Esse poder midiático entraria como articulador dos outros poderes estatais. Ademais, não sendo assim feito, dito, o poder da mídia bem como seu aparato ganham uma idéia de unidade ao se propagarem pelos televisores atentos dos cidadãos “modernos”. Acredito mais ainda, que seja até mesmo o ideal ter na propaganda, nas informações prestadas as massas esse ar de que estão acompanhando os fatos de maneira incisiva e perspicaz. Contudo, sem deixar de lado sua função estacionária para com o povo, e de efetiva corroboração de que ela seja um poder disfarçado.  No mais, acredito que as coisas estão se dando dessa forma a todo vapor, em pleno espetáculo (como colocara Danilo no Post precedente) Espetáculo tal como é abordado por Debord¹, esse que torna as pessoas em seres passíveis de um consumo imagético e informacional aos quais nessa mesma linha, a sociedade que adere essa concepção tange a uma pobreza e uma fragmentação da vida real.
      Pensei também, a ameaça maior que esses meios vão alastrando nas vidas das pessoas que ligam a T.V. e se deparam com a notícia: “Bullying pode ter motivado o massacre da escola do Rio de janeiro” (como colocado pela Kárita no Post anterior) pode causar tremendos distúrbios, aos quais os mesmos são derivações de algo mais amplo. Não quero negar toda a história que o individuo carrega consigo, fazendo disso um ser padronizado ou não. A grande sacada está justamente aí, será mesmo que um passado num tom individualizante ganha forças além do imaginado fora de seu contexto social?  Prefiro pensar num fato social total², que inclua também seus pormenores. Antes de se chegar a um veredicto psicológico e totalizante.
Acredito, com isso estou caminhado no mesmo esquema de raciocínio dos colegas. Tentar abordar um tema em suas variadas instâncias, não engessar problemas da vida social em teorias que quase se tornam jargões das pessoas que encontram nesse espetáculo a sua vida real. E mais, como é interessante pensarmos nessa questão do poder da mídia atualmente como uma reprodução da diferenças caracterizadas em nossas vidas. Tentar pensar aqui como Bourdieu pensou o sistema educacional. Só que agora ilustrada e fantasiada em nossas caixas mágicas, sem falar na forma descarada de nos impor essa violência que chega ultrapassar o meio simbólico. Um salve para arbitrariedade midiática, sobretudo a imagética. Viva a sociedade do espetáculo.
     Vou seguir e também finalizar como uma citação de Guy Debord. Primeiramente por abordar a questão da comunicação de massa, a outra, por estar em concomitância à idéia de Bourdieu em “A reprodução”. Segue aí:

O espetáculo, compreendido na sua totalidade, é simultaneamente o resultado e o projeto do modo de produção existente. Ele não é um complemento ao mundo real, um adereço decorativo. É o coração da irrealidade da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares de informação ou propaganda, publicidade ou consumo direto do entretenimento, o espetáculo constitui o modelo presente da vida socialmente dominante. Ele é a afirmação onipresente da escolha já feita na produção, e no seu corolário – o consumo. A forma e o conteúdo do espetáculo são a justificação total das condições e dos fins do sistema existente. O espetáculo é também a presença permanente desta justificação, enquanto ocupação principal do tempo vivido fora da produção moderna.

¹ Guy Debord, autor da obra “A sociedade do espetáculo”. Originalmente lançado em 1967, França.

² Categoria teórico-analítica empregada por Mauss em sua obra “Ensaio sobre a Dádiva: forma e razão da troca nas sociedades arcaicas”. Usada aqui para tentar abarcar a real necessidade das informações prestadas a sociedade. No intuito de não se fechar aos fenômenos particularizantes, mas encontrar numa totalidade (Escola Durkheimiana) os sentidos de todas as ordens.

Rômulo Andruschi

sábado, 9 de abril de 2011

Ainda sobre a tragédia na escola pública do Rio de Janeiro: BULLYING

   "Bullying pode ter motivado o massacre em escola do Rio de Janeiro".
   Dentre as várias explicacões que a mídia lancou para o massacre, o bullying aparece como uma das principais. Afirmou-se que Wellington Menezes sofria bullying, por ser manco de uma perna, nos anos em que estudou na escola Tasso da Silveira, local do massacre.
   O bullynig costuma ser mais comum em escolas, apesar de ser um problema ocorrente em praticamente qualquer contexto, no qual as pessoas interajam e onde exista uma relacão desigual de forcas ou poder. Suas consequencias são principalmente, mas não exclusivamente, individuais , pois auqele que o sofre pode ter desde queda da auto-estima até, em casos mais extremos como o do RJ, o suicídio e outras tragédias.
   Só que olhar o bullying apenas como um problema individual e que, portanto, merece encaminhamento psicológico, levando-nos, como colocou o Danilo em sua postagem, a interpretar acões isoladas da sociedade, "psicologisando" os fatos, não nos leva a lugar algum e muito menos constitui explicacão ponderante a fatos como o do RJ.
   A questão é muito mais social e diz respeito a todos nós. "Individualizar" o bullying ou mesmo utilizá-lo em representacão da questão da violência na escola é esvaziar uma discussão que está em pauta nas escolas, sobretudo, públicas, e não somente na escola Tasso da Silveira.


Kárita Segato

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Horror e espetáculo: as tristezas e a realidade do mundo moderno

Ontem, dia 7 de abril de 2011, o Brasil todo acompanhou perplexo a tragédia que aconteceu em uma escola pública no Rio de Janeiro. Este ocorrido virou motivo de descução em todas emissoras de TV do país, das quais buscavam respostas para um fato que acabara de acontecer. Esta tragédia transformada em "espetáculo", para uma "sociedade do espetáculo", me deixa muito intrigado, pois o que as os canais de TV tentam fazer e que muitos, perplexo, interpretam como o que realmente aconteceu, é encobrir uma realidade do nosso país da qual vem sendo construída desde o adentramento deste em um processo de modernização tardia.
          Nosso país está passando por um processo do qual a modernização veio na forma de "artefatos prontos", ou seja, quando chegou aqui o advento da modernidade, não houve, tal qual em países como Estados Unidos e outros, um processo de adaptação de sua sociedade para adentrar na modernidade. No Brasil quando a modernidade se deu cerca de 90% de sua população não tinha acesso à educação, saúde e soutro bens não materiais, e materiais básicos para se manterem. Isso gerou uma especificidade em nossa população, do qual estes indivíduos desprovídos do básico para viver nesse nova sociedade (moderna), necessitaria para sobreviver. Assim essa população foi deixada à periferia da sociedade, de forma que criou se uma "ralé estrutural" no nosso país e com isso culpa-se essa ralé por não se adequarem à nova forma de sociedade que o país vem se transformando.
           Essa breve introdução, bem simplificada, da "especificidade da sociedade brasileira", é apenas para dizer que quando acontecentecem tragédias como essas no nosso país tende se sempre a culpar o indivíduo por estas, mas o que muitos não fazem, inclusive intelectuais, é ver que quem cometem atrocidades e que causa perplexidade em todos nós, vive na mesma sociedade que a nossa, e que essa nova sociedade moderna ao surgir no nosso cotidiano não se atentou para os grandes problemas que sociedades modernas já vinham passando. Assim temos que começar a refletir sobro nossa vida em sociedade e ver que quando acontece um fato como este de ontém, que culpar o indivíduo e tentar interpretar sua ação isolada da sociedade não nos leva a resposta alguma, "psicologeisar" fatos como estes não nos dão respostas, as respostas estão no nosso cotidiano, ou seja, no tipo de sociedade em que estamos nos transformando.


Danilo C. da S. Santana

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Televisão de cachorro

Televisão de cachorro

(Música Pato Fu)

Às vezes penso que eu assisto tv
Como o cãozinho que olha o frango rodar
Que mais e mais saboroso de se ver
Aguça cada vez mais meu paladar
E quando uma gotinha de óleo cai
Como uma novidade que entra no ar
Eu paro tudo, eu paro de pensar
Só pra ficar te olhando, televisão
Por que o que está lá dentro
É tudo o que eu quero ter?
Por que o que está lá dentro
É tudo o que não posso ser?
Eu perco horas babando sem saber
Que se o galã morreu não foi por mim
E quando outros cãezinhos vem me imitar
São telespectadores no mesmo canal
E meu cachorro nada vê na tv
E é aí que eu vejo o burro que o bicho é
A tela plana não deixa ele perceber
A propaganda bacana de frango

Às vezes penso que eu assisto tv
Como o cãozinho que olha o frango rodar
Que mais e mais saboroso de se ver
Aguça cada vez mais meu paladar
Por que o que está lá dentro
É tudo o que eu quero ter?
Por que o que está lá dentro
É tudo o que não posso ser?
Por que o que está lá dentro
É tudo o que eu quero ter?
Por que o que está lá dentro
É tudo o que não posso ser?

So uma curiosidade, acho que essa música representa como somos, e o que o capitalismo faz conosco... queremos ter muitas coisas, queremos ser muitas coisas e ficamos cada dia fantasiando...como o cãozinho que olha o frango rodar, assim é a televisão pra nos enganar...
Sara Liz G. Cararo

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Comentando Comentários II _ escolas pra quê mesmo?

"Nas escolas, nas ruas, campos e construções" ouço um sussurro sobre um ensino de qualidade que nos fará políticos, que nos fará participativos, criará um mundo menos desigual, trará mais oportunidades na vida.. esses discursos vindos de distintas bocas tem em comum a defesa de uma "educação" diferente. Educação e ensino que vem da família, das igrejas, das ruas, das escolas, da televisão ... de uma infinidade de pessoas e lugares, e em todas elas a reprodução e produção de maneiras de viver, de ver o mundo, antes de serem questionadas são mostradas e impostas como possibilidades únicas.

Possibilidades que refletem vivências de um grupo específico. Não dá para falar de ensino sem falar de desigualdade, de imposição. Na própria noção de repassar conhecimento existem desigualdades, existem várias possibilidades de repassar conhecimento mas a única oficial - institucional - é a escola.

As hierarquizações subalternizantes vem tão antes da tal emancipação humana que a "escola" pode trazer, com suas melhorias de vida, possibilidades de maior participação política, que as vezes fica até difícil achar que a escola trará de fato algum dia emancipação para alguém. Mas pode ser que emancipe... as instituições se transformam, hoje mulheres, populações negras, populações indígenas fazem interferências pontuais nas instituições de ensino, nas mesmas instituições que foram impostas e que tinham a função maior de ensinar a essas pessoas o quanto elas eram menos isso e menos aquilo. Essas instituições - a escola -  eram assim ou ainda são?

Para pensar essas questões quero compartilhar com vocês um texto importante para nossa formação. É um texto em português de um autor indígena, Dainel Munduruku, que traz entre outras reflexões questionamentos sobre as maneiras de repassar conhecimento, um texto reflexivo sobre resistência; usar as armas da subalternização contra quem subalterniza.


Elismênnia

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Jornalismo! Isso existe em Goiás??


Em Goiás temos algumas emissoras de TV que se dizem sérias, suas matérias superficiais, com pautas que não trazem nenhuma informação que já não esteja condicionada por interesses governistas ou de reprodução de um sistema excludente.
O que mais me intriga, é simplesmente o fato de que às notícias vinculadas em cada programa não contemplam as necessidades de informação, mas condicionam os que passam tempo "na frente" da TV que tomam muitas informações como verdade e elegem uma classe de indivíduos como intelectuais de nosso estado. Vemos todos os dias reportagens toscas que atendem um público que se coloca enquanto consumidor desse lixo, classes médias e classes menos abastadas socialmente.
Em duas destas emissoras, existem programas com enfoque policial, estes programas tem apresentadores com uma formação minimamente duvidosa, com posicionamentos, preconceituosos, racistas, classistas, machistas e etc. Não conseguem perceber o todo social e como os indivíduos se colocam neste universo.
Fazem uma defesa escancarada da classe que controla as forças produtivas( empresas, agro-business, setor de serviços ,enfim...) e a uma ordem social que é excludente. Sua "admiração" pela instituição que ao meu ver é a mais problemática dentre as demais que compõe o Estado, a polícia.
 A polícia e sua forma reacionária, racista e classista, fere os direitos humanos o direito a vida e o bem estar social. Vemos uma instituição que se filia a uma elite, agindo como um braço armado e, no mais das vezes é louvada pela imprensa goiana.
Vejo que estamos a mercê da polícia e da imprensa, que só se posiciona quando a violência policial ronda os seus portões de entrada.


Rafael Barros