Com
as
leituras feitas na segunda metade do curso, sobre a temática da
educação e, a esperança nela concretizada, como meio de mudança
social, me recordei de um artigo que li da Sílvia Rosa Silva Zanolla
na revista Sociedade e Cultura, v. 13. E quero compartilhar as minhas
inquietações, aqui nesse espaço de discussão e reflexão.
Inicialmente a autora vai investigar o cenário de barbárie humana
que está acometendo à nossa sociedade. Em que revela a fase
sangrenta da imposição social reinante, ou seja, o modelo de
produção capitalista.
Ela
se orienta "pelos desafios
impostas à escola e à educação, no sentido de combater a
violência e a barbárie no aspecto amplo e cultural". Pelas
nossas vivências e, consequentemente pelo desarmamento frente aos
enquadramentos sociais vigentes, eu me permito a fazer uma crítica
do não cumprimento do primeiro objetivo da educação, em que este
consiste em tornarmo-nos conscientes da realidade de nossos
semelhantes, isso atribui em considerá-los sujeitos representantes
de si mesmos, e não meros objetos subservientes para apregoarmos
nossos interesses individuais. Com base nessa consideração, a
educação potencializa as dimensões da humanidade.
Zanollo e Souza, busca referência
na teoria crítica da Escola de Frankfut, ela se utiliza da ideia de
barbárie que é preconizada por Adorno, afirma ele, "superar a
barbárie no sentido geral como condição para a sobrevivência da
humanidade". Ele toma a educação como papel imprescindível na
formação e emancipação dos indivíduos. Mas no discurso de Adorno
é encontrado um dilema, pois ele não se posiciona, não cerceia
novos horizontes, como criar um projeto de transformação social
global, ele erra em restringir a esfera da educação, como a "única"
capaz de assumir o papel transformador, puxa, e as outros
prioridades, como a base material, são sucateadas?
É interessante pensar que na
sociedade em que vivemos, ela nos corrompe sitematicamente, nos
fragilizando "ao mesmo tempo em que se integra cada vez mais,
gera tendências de desagregação", ele salienta que a "a
civilização produz anticivilização", assim, nos deparamos
com uma perspectiva desesperadora. Pois vivemos em um meio de
incessante pressão social, relações de poder, tendências sociais
imperativas, eu me pergunto ás vezes, onde está minha humilde boia,
para flutuar nesse naufrágio!
A autora se utiliza da
concepção
do Freud, pois para a psicanálise, é impossível haver uma
verdadeira educação. Para Zanollo e Souza, esta impossibilidade
está no fato de que o sujeito sempre precisá administrar as
ambivalências morte/vida, agressividade/cultura, sem que com isso
possa idealizar a educação. Contanto, eu trago comigo
questionamentos do tipo: Qual o verdadeiro papel das instituições
de ensino? Porque elas se vangloriam por acharem que vão nos ensinar
a sermos seres humanos melhores? A educação é apenas um mecanismo
de controle social? Domesticando, engessando e, adaptando o homem
para sua situação de dependência ao capital e suas formas de
vida???????
Gostei muito do
esclarecimento que
a autora faz sobre o processo educativo, pois ela nos instiga,
estimula e conduz com bastante elucidação, a compreensão da ação
educacional, não como uma realização acabada, definida,
idealizada. E crítica arduamente que "isso exige reconhecer que
á própria educação, ao invés de formar, poderia deformar
mentalidades", que consiste em anular o indivíduo, deixá-lo em
posição inconteste.
E por final, ela
reconhece uma
questão que merece atenção pelo fato de que,"a sociedade
costuma cobrar da escola aquilo que é responsabilidade geral das
instituições: a formação do indivíduo. E a capacidade de
combater a barbárie e educar não depende apenas das condições
oferecidas pela escola, assim como a luta contra a violência não
deve ser empreendida apenas a partir do espaço escolar. Tanto a
formação humana, quanto o comportameto violento são fenômenos
construídos socialmente e como tal devem ser reconhecidos".
Érika Nunes de Medeiros