Powered By Blogger

sexta-feira, 25 de março de 2011

Comentando comentários: Vamos dar aulas?


Após ler comentários e postagens da Maria, Larissa, Jouber, Rafael, Kárita, Michelle..quero compartilhar ideias.


É... o que fazer com o mundo lá fora? Essa é para mim uma pergunta constante desde que começamos a estudar e pesquisar sobre escola e sobre educação. Ao partir da concepção de que escola e mundo estão em uma relação de influência constante, são elaborados programas e currículos com propostas de "comunidade participe!” e “estudantes, estou partindo das experiências de vocês para dar minhas aulas", mas não foi exatamente isso que vivenciei nas escolas que estudei e não foi isso que vi quando comecei a visitar, pesquisar e interagir com escolas.

Acredito que o problema é mais em baixo, que a relação de influência nem existe, o mundo está na escola, exatamente ali na frente do corpo docente. Em cada estudante temos relações de subalternidade, violência, acessos, etc.. acredito que mais que “ transmitir conhecimento”, para que a escola e a aula funcione as vezes professoras e professores tem que resolver problemas do mundo, a escola precisa resolver. Precisa? 

Dar aulas de ciências sociais, e para quem vai dar aulas de química, física, português, etc, a matéria em si é o mínimo. Me parece que a escola está bem mais envolta a comunidade do que acreditamos que ela de fato esteja. Se sabemos disso o que fazer? Se o mundo lá fora interfere tanto na escola, no fracasso e nos sucessos, por quais razões a escola não pode interferir, mudar o mundo? 

A escola não mudaria o mundo por ser produto das subalternidades deste e por seu aspecto de ser usada como instrumento de reprodução, é um aparato estatal, que como tal existe mais para vigiar e punir que para ensinar?

É...mais as mesmas pessoas que disseram coisas assim sobre a escola, falaram / escreveram também sobre intelectuais que provocam mudanças, guerra de posição e formas distintas de poder e ação, uma sociedade que muda e não só reproduz. Mas acho que precisamos pensar sobre nossas ações, o que pretendemos com o que sabemos e o que vamos ensinar e incentivar com esse tal saber. Se a escola é o mundo, para resolver problemas escolares vamos precisar resolver problemas sociais.Vamos?
 Elis 

Um comentário:

  1. Michele, é verdade.... Precisamos tirar a escola de uma bolha surreal que também vamos nos inserindo. Concordo que escola é mundo, mas na maioria de nossas reflexões acabamos nos voltando muito mais a esperanças idealizadas(meu caso... talvez seja um pouco de covardia de ser agente ativo politicamente).E, nesse processo, parece que a escola real fica cada vez mais distante do mundo com suas tramas tão desprogramadas já que são parte da realidade.Acho que daí a importância de pensarmos, desde já, como estudantes que se preparam pra enfrentar os desafios diários da vida educacional, na diminuição da distância entre Universidade e Escola. Também é quase surreal pensar a EXTENSÃO que tanto se fala na Universidade Pública a partir dos moldes disciplinares e metodológicos de nossa própria formação universitária!! Estamos perdidos em meio a vaidades acadêmicas, burocracias exageradas e deslocadas que se mostram simpáticas aos valores de mercado. Nesse sentido,nossas formas de nos tornarmos agentes sociais ativos e formadores destes também são engessadas.
    Por que não trazer a escola pra dentro de nossa formação? Será que não é legítimo construirmos(ainda como estudantes) um diálogo com a experiência prática dos que já estão em atividade e com o próprio saber popular? Seria desmerecer o conhecimento acadêmico? Não acredito nisso.
    Qual a razão de falarmos em melhoria do ensino, em desvelar as relações de dominação das classes privilegiadas sobre as periféricas se não há energia suficiente para se questionar a própria instituição escolar e universitária como reprodutoras dos interesses dominantes? Seria uma tentativa de mudança. Tenho visto colegas com essa energia para iniciarem ações que aproximem essas duas instituições, mas também vejo quão grandes são os entraves que dificultam esse movimento. Espero muito que as discussões tão ricas que têm surgido ao longo de nossa formação sejam importantes para que atitudes questionadoras surjam delas.

    Penso que a atitude muitas vezes prepotente da Universidade de se portar como única detentora do saber válido (já que se diz científico) impede que o que se pense dentro dela por seus "intelectuais" seja instrumento de transformação social.
    Não me excluo desse contexto, pois sou fruto dele e me submeto a suas regras. Mas nas nossas lutas diárias como coletividade e como seres com pluralidades de experiências,que desejam transformar, penso que podemos tentar aliar a escola com nossos ideais e com o mundo. Espero também que minha esperança não se vá pelas frustrações que virão... Mas que elas não sejam prolixas ou ingênuas.
    Vamos juntos mesmo. É disso que precisamos.

    Maria Fernandes Gomide

    ResponderExcluir