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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Comentando Comentários II _ escolas pra quê mesmo?

"Nas escolas, nas ruas, campos e construções" ouço um sussurro sobre um ensino de qualidade que nos fará políticos, que nos fará participativos, criará um mundo menos desigual, trará mais oportunidades na vida.. esses discursos vindos de distintas bocas tem em comum a defesa de uma "educação" diferente. Educação e ensino que vem da família, das igrejas, das ruas, das escolas, da televisão ... de uma infinidade de pessoas e lugares, e em todas elas a reprodução e produção de maneiras de viver, de ver o mundo, antes de serem questionadas são mostradas e impostas como possibilidades únicas.

Possibilidades que refletem vivências de um grupo específico. Não dá para falar de ensino sem falar de desigualdade, de imposição. Na própria noção de repassar conhecimento existem desigualdades, existem várias possibilidades de repassar conhecimento mas a única oficial - institucional - é a escola.

As hierarquizações subalternizantes vem tão antes da tal emancipação humana que a "escola" pode trazer, com suas melhorias de vida, possibilidades de maior participação política, que as vezes fica até difícil achar que a escola trará de fato algum dia emancipação para alguém. Mas pode ser que emancipe... as instituições se transformam, hoje mulheres, populações negras, populações indígenas fazem interferências pontuais nas instituições de ensino, nas mesmas instituições que foram impostas e que tinham a função maior de ensinar a essas pessoas o quanto elas eram menos isso e menos aquilo. Essas instituições - a escola -  eram assim ou ainda são?

Para pensar essas questões quero compartilhar com vocês um texto importante para nossa formação. É um texto em português de um autor indígena, Dainel Munduruku, que traz entre outras reflexões questionamentos sobre as maneiras de repassar conhecimento, um texto reflexivo sobre resistência; usar as armas da subalternização contra quem subalterniza.


Elismênnia

4 comentários:

  1. É interessante pensar numa educação redentora, que curaria todo o mal do mundo. Mas penso que talvez estejamos dando muito mais carga ao burro do que ele consegue carregar.
    Talvez seja caso de repensarmos nao apenas nossas instituições construidas, mas o material com que as construimos.
    Talvez todos ja estejam cansados da minha mesma ladainha, e que dizer isso pode me fazer parecer prepotente e ignorante. Ora, me reservo ao privilegio de se-lo. E então eu insisto: Existem mais coisas entre nossa Moral e Sociedade do que sonha a nossa vã sociologia.

    Lucas O.

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  2. Eu quero ouvir mais sobre sua ladainha Lucas, fale nos mais sobre a Moral na sociedade, por favor.

    Elis

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  3. Esta reflexão nos remete ao discurso de insatisfação com o resultado que a escola formal, tida como lócus de formação, tem alcançado. E, longe de ser o ideal, ou o real possível, alcançável, etc. A escola tem sua pertinência no âmbito da formação social na atualidade, isso não dá para negar.
    Mas perceber quem a pensa e para quem estão pensando, este ou aquele tipo de escola, faz muita diferença na reflexão. Pois cada plano pedagógico só pode ser avaliado de acordo com a sua proposta e aplicação. E muitos apesar de perverso a nosso ver, tiveram êxito. Ou até certo ponto enquanto duraram, pois a descontinuidade no fazer escola em nosso país é uma infeliz característica.
    Também entendo que educação é mais que transmissão de conteúdo e aprendizado de técnica. A formação de um ser humano se dá também fora da escola e tanto mais se diversifica quanto mais fora dela ele, (sujeito) está.
    Tornar o homem, a mulher, um ser capaz de respeitar a vida que o cerca, e apto a participar e manter o convívio social é tarefa que não se limita ao profissional da educação. Mas a parte que cabe a ele, ou a escola, é fruto de inquietação e merece tempo de estudo e políticas públicas sérias.
    Este espaço também pode contribuir para os rumos da escola, claro que de maneira micro...

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