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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sobre escolas, metodologias, dar aulas e bullying


Segue um texto que quero compartilhar: Quem o machismo matou hoje? Feminicídio: o nome do crime


Sabe o que tem na escola? Um jeito sentar, a disciplina é importante diria Gramsci, um jeito de aprender a ler; leia em silêncio, me disseram minhas professoras do ensino fundamental. Um jeito de pensar : a ciência é o conhecimento iluminador. Um jeito de viver; a modernidade é o futuro de todas as sociedades; me disseram meus livros de história.

Só não me lembro de ter discutido em sala os problemas que tínhamos entre nós. As brigas e os comportamentos incorretos eram punidos com suspensão em silêncios velados, todas as pessoas da escoa sabiam do ocorrido, até inventavam um pouco mais, mas nunca existiu algo em torno de “vamos discutir esses problemas que acontecem entre vocês”.

Nunca assisti uma punição que interferisse nas agressões em público, ali no exato momento em que aconteceram. A sala da coordenação era o único lugar para conversas. As agressões simbólicas entre alunas e alunos eram constantes, as piadas são um exemplo, e nos meus 11 anos de escola nunca ninguém problematizou com as pessoas envolvidas as ações delas; ao máximo deveríamos não fazer, mesmo não sabendo as razões para não fazer. Nunca passei por discussões sobre sexualidade, raça, etnia, desigualdade econômica, embora ouvisse o tempo todo questões sobre: viadinhos, mulheres-macho, piranhas, putas, neguinhas, pretos, e pobres.

Longe de querer fazer uma auto biografia quando falo das minhas experiências em escolas públicas me uso como estudo de caso, para pensar sobre educação escolar. E dessa vez quero problematizar currículos; existem disciplinas específicas para realizar questionamentos sobre raça, classe, gênero, piadinhas? A inserção das ciências sociais vai fazer isso, na materialização da sociologia no ensino médio? Estamos preparadas/os?

Mesmo se a princípio eu acreditasse no poder das ciências sociais, uma aula por semana durante dois anos vai mudar 9 anos em que nenhuma discussão sobre esses temas era realizada? Vai mudar as atitudes de docentes que não dão aulas de ciências sociais? Vai mudar as nossas atitudes? Para encerrar um texto longo demais, com reflexões para vida toda, eu queria dizer sobre; bullying, fanatismo religioso, esquizofrenia, 10 meninas e 2 meninos mortos no Rio de Janeiro, e sobre o atirador que se matou, que as aulas são ministradas para pessoas, para meninas e meninos com um raça, uma etnia, uma situação econômica. Queria dizer que esses fatores são essenciais em qualquer momento e em qualquer lugar em uma escola.

E sobre nosso preparo para lidar, mais que com os conteúdos sociológicos, com as pessoas que estarão na nossa frente; Eu quero também apresentar a vocês um conceito: FEMINICÍDIO, violência e agressão contra mulheres, exatamente por isso, são mulheres. Quero apresentar esse conceito para que tentemos fazer uma separação consciente entre alunas e alunos, para não acharmos que a humanidade se reduz em “o homem”, para nos atentarmos para as diferentes formas de violênica contra meninas e meninos.

Bem lembrado Danilo, bullying não é um problema de um só não, é um problema de muitos, nas causas e nos efeitos. Por mais que tenhamos heróis a nos salvar, melhor seria se eles não tivessem que existir.

Elismênnia

3 comentários:

  1. Como sempre Elismênia adorei suas colocações e claro, logo a "cachola" funcionou e fiz uma "regressão" (nossa, que profundo isso hein?! rsrs)
    Mas concordo plenamente com o que você disse, o que ocorre é que problemas que são desencadeados na escola, não são tratados na escola, lembrei do artigo que fiz que tem o título: Escola não é lugar pra isso.
    São assuntos proibidos, todos sabem que as coisas acontecem, mas as coisas no máximo ficarão entre 4 paredes para serem tratadas.
    A vítima que antes exposta a ridicularização em público recebe uma retratação (se é que isso ocorre), no máximo de uma desculpa, ou quando o agressor leva uma advertencia. Até quando as coisas serão tratadas assim?
    Quantas vítimas mas serão necessárias para percebermos que somos parte de um todo?!

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  2. Gostei muito do seu texto, suas indagações e inquietações Elismenia. Quando eu atuava como professora no ensino fundamental, não foram poucas às vezes em que simplesmente a ordem era para se resolver os problemas o mais rápido possivel e sem alarde.Também como mãe, qdo buscava orientação e ajuda diante do bullying que minha filha sofria e sofre, a frustração é grande.
    Às vezes acho que o problema maior é porque queremos que a escola resolva tudo. Fico a me questionar: Será que vivemos num círculo vicioso, onde ninguém quer assumir suas responsabilidades, começando com a própria família, que é ausente na vida dos filhos e em conseqüência a escola na vida dos alunos? Sei lá parece que nossa "cultura" não é tão dinâmica como pensamos, e por isso as mudanças são tão lentas.

    Sandra Rancan

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  3. Oi Elismenia gostei muito de suas colocações sobre o tema Bulling. E realmente e algo complicado esse tema por se tratar do problema de lidarmos com as diferenças e os preconceitos que criamos em nossas construções e percepções. Realmente acho complicado conseguirmos em uma aula durante a semana em dois anos descontruir não algo de nove anos de ensino sem debater a diversidade humana, mas toda uma vida em uma sociedade competitiva e individualista que elegem um padrão, norma e estereótipo que deve ser a regra a todos em uma humanidade que e diversa. E não realmente não será somente nas aulas de C.S. do ensino médio q mudara esse quadro de bulling mas seria uma a ação estratégica da escola desde inicio da inserção do aluno nesse espaço. Para que não aconteçam outros Realengos no país, não era Wellington o mostro mas as pessoas que o concebeu assim quando era puxado o gatilho pode ter certeza que os fantasmas de seu passado de bulling e humilhação que atirava não sendo ele mais do que uma vitima do massacre.

    Danilo Cardoso

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