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terça-feira, 19 de abril de 2011

Noções de Pierre Bourdieu e Gramsci

Noções de Pierre Bourdieu sobre:

Violência simbólica = imposição arbitrária que, no entanto, é apresentada àquele que sofre a violência de modo dissimulado, que oculta as relações de força que estão na base de seu poder.
Ação pedagógica = é uma violência simbólica porque impõe, por um poder arbitrário, um determinado arbitrário cultural.
Arbitrário cultural = concepção cultural dos grupos e classes dominantes, que é imposta a toda a sociedade por meio do sistema de ensino. Tal imposição não aparece jamais em sua verdade inteira e a pedagogia nunca se realiza enquanto pedagogia, pois se limita à INCULCAÇÃO de valores e normas.

A ação pedagógica implica num trabalho pedagógico, sendo como um trabalho de INCULCAÇÃO de um arbitrário de princípios culturais que são impostos por um sistema de ensino de modo que, mesmo depois de terminada sua fase de formação escolar, ele os tenha incorporado aos seus próprios valores e seja capaz de reproduzi-los na vida e transmiti-los aos outros – Bourdieu afirma isto é adquirido num HABITUS. Uma vez que o arbitrário cultural é inculcado ao habitus do professor, o trabalho pedagógico reproduz as mesmas condições sociais de dominação de determinados grupos sobre outros que deram origem àqueles valores dominantes. O que explica, no pensamento de Bourdieu, a desigualdade que está na base do processo de seleção escolar?
Um sistema de ensino institucionalizado que visa realizar de modo organizado e sistemático a inculcação de valores dominantes reproduzindo as condições de dominação social que estão por trás de sua ação pedagógica. Bourdieu apresenta exemplo das condições de classe de origem dos alunos que entram no sistema de ensino francês determinam tanto a probabilidade de passagem ao nível escolar seguinte, quanto, ainda, o tipo de estabelecimento de ensino ao qual ele tem acesso, esta situação se reproduz, do ensino básico ao médio e ao superior e determina também, no final das contas, a “condição de classe de chagada”, deste aluno, isto é, o tipo de habitus que adquiriu, o “capital social” ao qual teve acesso e, em especial, a posição na hierarquia econômica e social a que chegou. (P.74).

Já em Gramsci para neutralizar as diferenças, devidos à procedência social, deviam ser criados serviços pré-escolares. A escola deveria ser única, estabelecendo-se uma primeira fase com o objetivo de formar uma cultura geral que harmonizasse o trabalho intelectual e o manual. Na fase seguinte, prevaleceria a participação do adolescente, fomentando-se a criatividade, a autodisciplina e a autonomia. Depois viria a fase da especialização. Nesse processo tornava-se fundamental o papel do professor que devia preparar-se para ser dirigente e intelectual. O desenvolvimento do Estado comunista se ligava intimamente ao da escola comunista: a jovem geração se educaria na prática da disciplina social, para que a realidade comunista se tornasse um fato. O advento da escola unitária significa o início de novas relações entre trabalho intelectual e trabalho industrial na apenas na escola, mas em toda a vida social. O princípio unitário, por isso, refletir-se-á em todos os organismos de cultura, transformando-se e emprestando-lhes um novo conteúdo. Gramsci define duas categorias de intelectuais: o orgânico, proveniente da classe social que o gerou, tornando-se seu especialista, organizador e homogeneizador e o tradicional que acredita estar desvinculado das classes sociais, os que nascem numa determinada classe e cristalizam-se, tornando-se casta, como exemplo são mais típico Gramsci cita os clérigos (cf 1989, p. 23), hoje podemos dizer que são os militares, professores universitários e etc... Os intelectuais têm a função de unificar os conceitos para criação de uma nova cultura, que não se reduz apenas a formação de uma vontade coletiva, capaz de adquirir o poder do Estado, mas também a difusão de uma nova concepção de mundo e de comportamento. Nessa empreitada, torna-se fundamental o papel das instituições privadas da sociedade civil como a igreja, escola, sindicatos, jornais, família e outros, como entidades concretizadoras de uma nova vontade e moral social. Gramsci diferencia o intelectual urbano do rural. Enquanto os intelectuais urbanos ascendem socialmente, confundindo-se com suas classes, os rurais, na maioria tradicionais, estão ligados à massa social campesina e pequeno-burguesa, posta em movimento pelo sistema capitalista. Estes ainda exercem uma forte influência nas camadas operárias, na medida em que se apresentam como modelo de ascensão social, também cumprem um papel político-social, ao mediar a relação entre massa e o espaço político local. Os intelectuais urbanos como técnicos de fábricas não exercem influência política na massa, ao contrário, sofrem influência destas pelos seus intelectuais orgânicos.

VANIA LOPES DA SILVA BORGES

3 comentários:

  1. Fico sempre com uma dúvida quando me deparo com duas linhas de pensamento distintas que se encontram em vários aspectos.
    Se para Bourdieu os intelectuais são os "dominados dos dominantes" e nesse sentido é imputado a eles a autoridade pedagógica que legitima a ação pedagógica e por conseguinte promove a inculcação do habitus nas classes dominadas.
    Em Gramsci, o intelectual pode se aliar a classe dominante, que vão utilizar-se dos "aparelhos ideológicos" do Estado para reproduzir todo o ideário da classe dominante e nesse sentido possibilitar a reprodução e a manutenção do sistema.
    Minha dúvida é a seguinte, quando em Bourdieu o intelectual supera a condição de "dominado do dominante" e, quando se assume politicamente em defesa do acesso a "cultura legítima" pelas classes subalternas, passando a operar com seu arbitrário cultural torna-se dominado dos dominados?


    Rafael Barros

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    1. MUITO INTERESSANTE A PERSPECTIVA QUE VOCÊ COLOCA DOS DOIS AUTORES, MAS, NÃO ENTENDI A PERGUNTA QUE CONCLUI SEU RACIOCÍNIO?

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  2. Olá,Vania!
    Seria possível postar os titulos dos livros referentes às citações presentes no texto: "Noções de Pierre Bourdieu e Gramsci". Considerei o seu texto bastante interessante e gostaria de ler os livros.
    Grata,
    Debora.

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