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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Educação na Barbárie?

Com as leituras feitas na segunda metade do curso, sobre a temática da educação e, a esperança nela concretizada, como meio de mudança social, me recordei de um artigo que li da Sílvia Rosa Silva Zanolla na revista Sociedade e Cultura, v. 13. E quero compartilhar as minhas inquietações, aqui nesse espaço de discussão e reflexão. Inicialmente a autora vai investigar o cenário de barbárie humana que está acometendo à nossa sociedade. Em que revela a fase sangrenta da imposição social reinante, ou seja, o modelo de produção capitalista.
Ela se orienta "pelos desafios impostas à escola e à educação, no sentido de combater a violência e a barbárie no aspecto amplo e cultural". Pelas nossas vivências e, consequentemente pelo desarmamento frente aos enquadramentos sociais vigentes, eu me permito a fazer uma crítica do não cumprimento do primeiro objetivo da educação, em que este consiste em tornarmo-nos conscientes da realidade de nossos semelhantes, isso atribui em considerá-los sujeitos representantes de si mesmos, e não meros objetos subservientes para apregoarmos nossos interesses individuais. Com base nessa consideração, a educação potencializa as dimensões da humanidade.
Zanollo e Souza, busca referência na teoria crítica da Escola de Frankfut, ela se utiliza da ideia de barbárie que é preconizada por Adorno, afirma ele, "superar a barbárie no sentido geral como condição para a sobrevivência da humanidade". Ele toma a educação como papel imprescindível na formação e emancipação dos indivíduos. Mas no discurso de Adorno é encontrado um dilema, pois ele não se posiciona, não cerceia novos horizontes, como criar um projeto de transformação social global, ele erra em restringir a esfera da educação, como a "única" capaz de assumir o papel transformador, puxa, e as outros prioridades, como a base material, são sucateadas?
É interessante pensar que na sociedade em que vivemos, ela nos corrompe sitematicamente, nos fragilizando "ao mesmo tempo em que se integra cada vez mais, gera tendências de desagregação", ele salienta que a "a civilização produz anticivilização", assim, nos deparamos com uma perspectiva desesperadora. Pois vivemos em um meio de incessante pressão social, relações de poder, tendências sociais imperativas, eu me pergunto ás vezes, onde está minha humilde boia, para flutuar nesse naufrágio!
A autora se utiliza da concepção do Freud, pois para a psicanálise, é impossível haver uma verdadeira educação. Para Zanollo e Souza, esta impossibilidade está no fato de que o sujeito sempre precisá administrar as ambivalências morte/vida, agressividade/cultura, sem que com isso possa idealizar a educação. Contanto, eu trago comigo questionamentos do tipo: Qual o verdadeiro papel das instituições de ensino? Porque elas se vangloriam por acharem que vão nos ensinar a sermos seres humanos melhores? A educação é apenas um mecanismo de controle social? Domesticando, engessando e, adaptando o homem para sua situação de dependência ao capital e suas formas de vida???????
Gostei muito do esclarecimento que a autora faz sobre o processo educativo, pois ela nos instiga, estimula e conduz com bastante elucidação, a compreensão da ação educacional, não como uma realização acabada, definida, idealizada. E crítica arduamente que "isso exige reconhecer que á própria educação, ao invés de formar, poderia deformar mentalidades", que consiste em anular o indivíduo, deixá-lo em posição inconteste.
E por final, ela reconhece uma questão que merece atenção pelo fato de que,"a sociedade costuma cobrar da escola aquilo que é responsabilidade geral das instituições: a formação do indivíduo. E a capacidade de combater a barbárie e educar não depende apenas das condições oferecidas pela escola, assim como a luta contra a violência não deve ser empreendida apenas a partir do espaço escolar. Tanto a formação humana, quanto o comportameto violento são fenômenos construídos socialmente e como tal devem ser reconhecidos". 

Érika Nunes de Medeiros

2 comentários:

  1. Essa questão ainda ressoa pela minha cabeça das leituras dos meses anteriores:"a compreensão da ação educacional, não como uma realização acabada, definida, idealizada. E crítica arduamente que "isso exige reconhecer que á própria educação, ao invés de formar, poderia deformar mentalidades". Nós, futuros professores, temos que ter consciência que é depositado em nossas costas um fardo social pesadíssimo, de construir vidas ou detonar vidas. Não importa se o professor também tem seus problemas emocionais, se ele também tem vontade de desistir de tudo, se ele não quer se importar com o que ele está fazendo ali. O professor, aos olhos da sociedade, tem que ser o exemplo integral e pronto. Como a família é uma instituição que assumidamente não dá conta mais de dar as bases para a formação de seus filhos, então isso vai para as mãos do governo, que assumidamente também não dá conta de fornecer bases satisfatórias para a educação. Então entramos em um ciclo vicioso de repasse de responsabilidades, e continuamos com nossas crianças à mercê das constantes pressões sociais para que se adequem a esse sistema de aceitação integral daquilo que lhe é apresentado como caminho certo a ser seguido. Nesse ponto tenho muito receio, pois vejo que estamos construindo aos poucos esta geração pela barbárie que Adorno tanto nos instigou a refrear/sufocar. Ela está aí, aparecendo todos os dias na mídia, mas a sociedade caótica em que vivemos nunca aparece no banco do réu.
    E realmente, Érika, eu também quero a minha bóia.

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  2. A sua inquietação não é muito diferente da minha, até mesmo fiz uma postagem indagando como se deve exercer o papel da educação, por que aparentemente ela está sendo posta no sentido de moldar o indivíduo, tratando-o como objeto. Me pergunto o que podemos fazer diante disso, como devemos agir? Infelizmente hoje a sociedade atribui a educação o papel de educar o indivíduo em todos os aspectos, esquecem que a educação, no sentido próprio da palavra, é um conjunto de ensinamentos que são proporcionados por TODAS as instituições, não somente a escolar. O próprio Saviani discute sobre isso no livro "Pedagogia Histórico-Crítica primeiras aproximações", onde este afirma que elaboraram um "slogan" da educação no sentido de que está deve se dar conta de todos os problemas sociais, sendo ela a "solução para os diversos problemas que afligem a humanidade, desde a violência, passando pelo desemprego, a miséria, a exclusão social, (...)" onde passam a vincular a educação como determinante das relações sociais. E não é esta sua função, o que esta deve proporcionar a meu ver é esta emancipação, este senso crítico, a desnaturalização e estranhamento no indivíduo. Sinceramente me sinto de mãos atadas como mesmo mencionei na minha postagem, por que o professor não possui tanta liberdade para atuar em sala de aula, em alguns casos é imposto a ele o que se deve fazer, o conteúdo que se deve dar. Espero que esta realidade mude, mesmo que seja de uma forma paulatina, para que ai sim, possa haver uma mudança vinculada a realidade dos problemas sociais, pois este problema é muito mais um problema governamental, administrativo e de políticas públicas que um problema simplesmente educacional.

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