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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Goiás República: A Educação sujeita aos interesses oligárquicos.




Os  mecanismos de funcionamento de pacto oligárquico era o que predominava na política local e brasileira durante toda a Primeira República.
Intelectual com certo nível de escolarização exercia papel significativo. A educação= instrução, correspondia a poder. No entanto, como Goiás era um Estado basicamente agropecuário, a força política estava na manutenção do sistema dos proprietários de terra, que controlavam e manipulavam as eleições indicando a representação política, no âmbito municipal, estadual e federal. 
A formação de novas agremiações, rupturas  e dissidências no interior das oligarquias marcaram as disputas políticas desse período. E os nomes das famílias iam se revesando no poder: Bulhões, Xavier de Almeida, Caiados...
No  âmbito da educação, esse período retrata como desde o início a preocupação está não focada em construir uma estrutura educacional sólida. Pois o objetivo era de reorganizar o Estado para consolidação da República e como a Constituição de 1893 deixa ao encargo dos Estados a organização da instrução pública através da  Lei n°38, de 31/06.Tentou se  observar, porém  como a história mostra, com muito descaso.
Nesta lei já se estabelece o Ensino Leigo, gratuito e obrigatório para crianças de 7a 14 anos. Era considerado porém, que este ensino fosse proporcionado também em casa, o que era muito corriqueiro. As famílias se preocupavam muito com a possibilidade de na escola ter influencias contrarias a educação que recebiam em casa, principalmente quanto às moças.
Com a troca  de governo a preocupação principal era deslocar e desenraizar elementos ligados ao governo anterior e que ocupavam cargos estratégicos .
Com essa prática a Academia de Direito sofreu fechamento pouco tempo depois de ter sido instalada. E a escola Normal, entidade pública, neste contexto político também passa por instabilidades no funcionamento. Esse fato agregado com outros problemas, entre eles a freqüência mínima, a escola ser mista ( meninos na mesma sala de meninas) e a carência de professor, faz com que o governo veja na escola particular confessional católica a oportunidade de um ensino de maior consistência, estabilidade e nos moldes da virtude de moralidade afinados com os das famílias tradicionais. Assim surge os colégios: de São José(1910) em Formosa, da comunidade Dominicana, que teve seu curso equiparado a Escola Normal oficial em 1921, e em 1929 foram diplomadas 16 normalistas; o colégio Santa Clara 1922 em Campinas, hoje bairro de Goiânia; e em 1923 o Estado subvencionava as seguintes escolas particulares:Faculdade de Direito, Escola de Farmácia, Seminário Santa Cruz, Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora da Consolação, de Rio Verde, Sagrada Família de Catalão, Santa Cecília de Morrinhos,Conceição de Pirinópolis, Atheneu de Luziânia,Colégio Novais de Jataí, e o Seminário de Porto Nacional.
A década de 20 marca a inserção de Goiás na economia capitalista do país, certo que de forma periférica como sua produção é agropecuária, mas como o desenvolvimento econômico ocorre, também o aumento da população, e aumenta se a procura pela educação escolar.
Nesse período o governo estava sob a oligarquia Caiadista, que levados pela necessidade aumentam significativamente o número de vagas tanto primárias quanto secundárias. Nesta última  a expansão se deu fundamentalmente na iniciativa particular.
Em termos educacionais Goiás reconhecia a hegemonia de São Paulo  adotando a tendência  Escolanovista.
Em 1925 ocorre a Reforma do Ensino e se estabelece o controle político e ideológico de estudantes e professores pela criação da cadeira de Instruçaõ Moral e Cívica no ensino primário e secundário.(CANEZIN e LOUREIRO, 1994, p. 60 ).
Em 1928 com os rearranjos da eleição e o governo um pouco mais estruturado com relação a oposição aos Caiados, passou se a criticar o campo educacional principalmente quanto a baixa remuneração dos professores. Salientavas se  a necessidade de formação do professor e se fazia um apelo ao espírito de apostolado , como uma missão a de educador.
Interessante perceber como salienta Canezin e Loureiro, que a publicização da educação escolar não foi generalizada, houve sim um aumento do ensino elementar  enquanto no ensino secundário,  normal e superior a expansão foi por via  da escola particular confessional. As autoras chegam a citar que “O estado manteve a Escola Normal Oficial mais  para servir de parâmetro regulador do funcionamento das escolas particulares do que para atender as necessidades de formação de novos profissionais.”

CANEZIN, M. T. & LOUREIRO, W. N. Goiás República: A Escola Normal e os Interesses Oligárquicos. In: A Escola Normal em Goiás. Goiânia: Editora da UFG, 1994, Coleção Documentos Goianos – 28.
Com este olhar retrospectivo creio que vários pontos afloram no pensamento quanto à comparação com a atualidade,  seja no que se perpetua seja no que possa haver de diferencial.
Dilma Maria

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