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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Na mesma modernidade


Vocês conhecem autoras e autores de-colonialistas? Também identificados por pensarem sobre a descolonização do pensamento, a produção teórica / prática metodológica dessas autoras e autores se debruça, dentre mais pontos, sobre pensar o processo de contato entre populações indígenas e não indígenas reconstruindo conceitos sobre ciência, poder, globalização, e modernidade.

Quijano fala, por exemplo, que a relação de contato entre colonizadores e colonizados se deu por meio da construção da coloniallidade do poder/saber; que tem 4 etapas; 1) tivemos uma classificação e reclassificação das pessoas, - indígenas e europeus são construídos em discursos políticos/científicos como pertencentes a sociedades distintas hierarquicamente; 2) ocorre a criação de estruturas institucionais que articulam e administram essa classificação - Estado, Governos, Escolas, Igrejas, Universidades dentre outras; 3) ocorre também a criação de espaços em que essa classificação se institucionaliza, - a construção da sociedade nacional - ; 4) e desse processo temos a formulação de perspectivas epistemológicas que canalizam uma nova matriz de poder - a nova produção de conhecimento (QUIJANO, 2005).


 Há uma superposição da epistemologia ocidental nesse processo de contato inicial que continua a perpetuar noções e espaços de ação para as pessoas. Por isso a colonialidade, é pensada em termos de continuidade, e a “globalização” em termos de sistema mundo colonial moderno, pois pensa a relação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento como continuidade da colonialidade.

Quando em Florestan Fernandes discutimos modernidade, com base nas conceituações de Weber sobre racionalização, lembramos de um dos textos do Mignolo (2009), sobre “o outro lado da modernidade”, um lado que considera o processo de colonização como responsável por nutrir a modernidade em termos de saber e de poder subalternizantes de pessoas e corpos. Por que sempre falamos em povos tradicionais x modernos? Ciência x “pensamento mágico” / saber tradicional? Para localizar corpos em posições opostas hierarquicamente. Por que modernidade leva a conceitos sobre desenvolvimento? Um conceito como modernidade tem descrições de como podemos ser, com base em quem não somos que não evidenciamos em narrativas sobre “burocratização racionalizada”.
Acreditamos que ter acesso a produção dessas autoras e autores possa evidenciar discussões problematizadoras para quem estuda modernidade e para quem vai lecionar sobre noções correlacionadas. Não escapamos em nossas produções das hierarquias racial, geográfica, linguística, espiritual, de gênero, sexual e de classe, por mais neutro e objetivo que seja o “tema a ser tratado”, pensar os conceitos que usamos com base nesse aspecto situado é importante?

Em anexo links de indicação e referência.

Elismênnia e Michelle

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