Vocês conhecem autoras e autores de-colonialistas? Também identificados
por pensarem sobre a descolonização do pensamento, a produção teórica / prática
metodológica dessas autoras e autores se debruça, dentre mais pontos, sobre
pensar o processo de contato entre populações indígenas e não indígenas
reconstruindo conceitos sobre ciência, poder, globalização, e modernidade.
Quijano fala, por exemplo, que a relação de contato entre colonizadores
e colonizados se deu por meio da construção da coloniallidade do poder/saber;
que tem 4 etapas; 1) tivemos uma classificação e
reclassificação das pessoas, - indígenas e europeus são construídos em
discursos políticos/científicos como pertencentes a sociedades distintas
hierarquicamente; 2) ocorre a criação de estruturas institucionais que
articulam e administram essa classificação - Estado, Governos, Escolas,
Igrejas, Universidades dentre outras; 3) ocorre também a criação de espaços em
que essa classificação se institucionaliza, - a construção da sociedade nacional - ; 4) e desse processo temos a formulação de
perspectivas epistemológicas que canalizam uma nova matriz de poder - a nova
produção de conhecimento (QUIJANO, 2005).
Há uma
superposição da epistemologia ocidental nesse processo de contato inicial que
continua a perpetuar noções e espaços de ação para as pessoas. Por isso a
colonialidade, é pensada em termos de continuidade, e a “globalização” em
termos de sistema mundo colonial moderno,
pois pensa a relação entre países desenvolvidos
e em desenvolvimento como continuidade da colonialidade.
Quando em Florestan Fernandes discutimos
modernidade, com base nas conceituações de Weber sobre racionalização,
lembramos de um dos textos do Mignolo (2009), sobre “o outro lado da
modernidade”, um lado que considera o processo de colonização como responsável
por nutrir a modernidade em termos de saber e de poder subalternizantes de
pessoas e corpos. Por que sempre falamos em povos tradicionais x modernos?
Ciência x “pensamento mágico” / saber tradicional? Para localizar corpos em
posições opostas hierarquicamente. Por que modernidade leva a conceitos sobre
desenvolvimento? Um conceito como modernidade tem descrições de como podemos
ser, com base em quem não somos que não evidenciamos em narrativas sobre “burocratização
racionalizada”.
Acreditamos que ter acesso a produção dessas
autoras e autores possa evidenciar discussões problematizadoras para quem estuda
modernidade e para quem vai lecionar sobre noções correlacionadas. Não
escapamos em nossas produções das hierarquias racial, geográfica,
linguística, espiritual, de gênero, sexual e de classe, por mais neutro e
objetivo que seja o “tema a ser tratado”, pensar os conceitos que usamos com
base nesse aspecto situado é
importante?
Em anexo links de indicação e referência.
A colonialidade do saber : eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas
Quem pode falar e como?
Quem pode falar e como?
Elismênnia e Michelle
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